Conheça a real história do Cosplay

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Quem nunca foi a uma festa a fantasia, ou se imaginou vestido como seu super-herói, personagem de desenho animado ou game favorito? Pois até então o que parecia apenas brincadeira ultrapassou os limites e desde os anos de 1990 é coisa séria para muitos. São os chamados Cosplays, aquelas figuras carimbadas em eventos geeks. Mas vem cá. Já parou para pensar como essa prática se popularizou e onde teve início a história do cosplay?

Muitos pensam que se remete ao mundo oriental, pois não! A história é bem diferente e teve seu início na América. Isso, mesmo, foi nos Estados Unidos.

A origem do cosplay

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Primeio Cosplay da história. Forrest J. Ackerman e Myrtle R. Douglas, durante a WorldCon de 1939.

O cosplay é um hobby que consiste em caracterizar-se como personagens oriundos de quadrinhos, games e desenhos animados, em geral japoneses, mas também engloba personagens pertencentes ao vasto universo do entretenimento, como séries de TV, livros, animações e filmes. E foi nessa premissa que em 1939, durante a 1ª World Science Fiction Convention, ou WorldCon, um americano chamado Forrest J. Ackerman, fanático por ficção cientifica, e sua amiga Myrtle R. Douglas foram ao evento com uma roupa baseada no filme ‘Things to Come’ (foto), dando então origem à história do cosplay.

A dupla fez tanto sucesso que no ano seguinte dezenas de fãs compareceram à convenção em trajes de ficção cientifica, caracterizando a chamada masquerade.

Como ideia boa é sempre copiada, um japonês, Nobuyuki Takahashi, ao ir no mesmo evento em 1984, se encantou  com as vestimentas dos participantes e publicou sobre isso em revistas japonesas de ficção cientifica, batizando essa prática como Cosplay . No final da década, vários fãs começaram a se caracterizar como personagens de animes e mangás. Lojas e profissionais se especializaram na área criando uma verdadeira indústria no Japão.

Nos anos 1990, com a explosão dos animes pelo mundo, o cosplay foi reintroduzido nos EUA, mas dessa vez em escala muito maior. O termo se popularizou rapidamente através das dezenas de encontros de animes que surgiram no país, levando muitos “cosplayers” a acreditarem que o hobby havia mesmo sido criado em terras orientais.

Cosplay: brincadeira de gente grande

Aos olhares desavisados a “brincadeira” ainda pode parecer um tanto excêntrica. No entanto, basta querer conhecer o universo cosplay mais a fundo para perceber que seus praticantes revelam-se pessoas comuns, que tem um dia-a-dia tão normal quanto qualquer um. A única coisa que se diferencia é que o cosplayer traz à realidade momentos e figuras da ficção que causam fascínio entre o público.

É o que acontece com o arquiteto Marcos Capella, 54 anos. Ele e seu filho entraram para o mundo dos cosplayers há um ano, durante o Anime Summer 2013. Capella conta que havia ido à edição de 2012 do mesmo evento e curtiu a ideia e então aliou ao seu gosto por animes, Hqs e filmes de terror e ficção. “Quando vi o pessoal no evento se divertindo em quantidade, qualidade e sobre esses assuntos… ora, eu me encontrei, hehehehe”.

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Pyramid Head de Marcos Capella/ Foto: Divulgação

Como o próprio termo sugere, Cosplay (“costume” – traje/fantasia) e “roleplay” – interpretação) para alguns pode ser retratado apenas como uma brincadeira. Porém, os adeptos, ao vestirem seus trajes tem a sensação de divertimento com aquele toque de coisa levada à séria. Isso explica os altos valores que se gasta ao fazer um cosplay descente. Sem contar a dificuldade.

Capella revela que com seu mais famoso cosplay o Pyramid Head (monstro da série de videogame Silent Hill) foi trabalhoso fazê-lo, mas que não é ainda o mais difícil, por ter sido o primeiro. “Acho que ainda está por vir aquele que vou penar. Acredito que o personagem que meu filho está fazendo, o Sniper do Team Fortress 2, está me dando muito mais trabalho. Mas não sou cosmaker e uma coisa eu garanto: nunca estou satisfeito com um cosplay meu, pois sempre acho que posso melhorá-lo”.

Com relação ao valor, para fazer o Pyramid Head, Capella conta que gastou cerca de R$400,00, por ter que comprar tudo pela primeira vez, mas que em outros cosplays que já fez o custo foi bem menos, e um até chegou a ser zero.

 

Realmente, quem deseja fazer algum cosplay nosso conselho que é se prepare com antecedência, se quiser produzir deve começar pensando em todos os detalhes para que assim seu personagem fique perfeito e se aproxime ao máximo do original, como no caso do arquiteto/cosplayer.

Outro ponto é o sucesso com o público. Em eventos de alto nível, muitas vezes um cosplayer não consegue nem tempo para descansar devido ao enorme número de pedidos de fotos e tudo que se tem direito.

Zay é tatuador foi vencedor de um concurso de cosplays, em Curitiba. O “Predador” conta sobre as dificuldades em fazer o traje, tempo para preparo, custo que teve e como é se tornar destaque por onde vai com sua roupa do outro mundo. Ficou sensacional.

Uma das principais características do cosplayer é que, além de criar os trajes, ele também interpreta o personagem, reproduzindo traços de personalidade, falas e poses típicas.  Sem contar que o universo se tornou atração à parte em todo e qualquer evento geek que se preze.

Hoje, a moda está em constante evolução e podemos considerar como profissionalização já também, visto que há pessoas que ganham dinheiro com isso. Sem contar a atenção que a mídia tem dado para os eventos e para os cosplays. Está muito mais tranquilo para fazer uma caracterização. “Acredito que ser cosplayer está ficando mais fácil, pois percebo que a mídia está dando muito mais atenção a cada dia. Os eventos estão se tornando grandes atrativos e estão atraindo a atenção das prefeituras e grandes empresas. Hoje em dia podemos ver pessoas com cabelos pintados, vestidas de personagens pelas ruas e já aceitamos isso como normal. Então o cosplay é um termo bem mais conhecido agora do que poucos anos atrás”, relata o arquiteto e cosplayer Marcos Capella. “O maior desafio é fazer aquele cosplay inesquecível, marcante e que dê o maior prazer de usar novamente mesmo anos depois de feito”, completa.

Ao ser perguntado qual cosplay que já fez e mais gostou, Capella não pensa duas vezes e solta: “O que mais gostei devido à repercussão dele foi o Pyramid Head e continuo a usá-lo nos eventos, principalmente os novos onde não fui ainda… ele é o cara hehehehe… Mas gostei de ter feito e farei mais vezes o Indiana Jones, o Exterminador do Futuro e zumbi, sempre gostei de zumbi e farei mais vezes”.

De Santos/SP para o mundo dos cosplays

Com o personagem Pyramid Head, o arquiteto conseguiu se tornar conhecido internacionalmente. Bastou uma publicação no tumblr, bem elaborada por sinal, de um cara que até hoje Marcos não conseguiu conhecer. A imagem bombou no exterior e recentemente o site 9GAG relançou o post original do tumblr e a foto recebeu 480 mil curtidas em apenas quatro dias. Somando tudo, o Pyramid de Marcos Capella já ultrapassou 1 milhão de compartilhamentos e curtidas desde a primeira publicação. “É muito pra cabeça de um novato, mas faz bem pro ego, não posso negar”, brinca o cosplayer.

E a história de como foi a ideia de fazer essa imagem veio ao acaso, e simplesmente foi muito bacana, como conta Marcos. “Um dia quando já ia dormir, dei aquela última olhada na janela e ela estava toda embaçada. Neblina! Eram 2 horas da madrugada, meu filho mais velho estava acordado jogando videogame e minha netinha assistindo… cheguei nele e falei “é hoje!” .Falei pra minha netinha que a gente ia consertar a moto e que era para ela esperar a gente voltar. Demos uma corrida até a avenida da praia, em frente do meu prédio em Santos. Eu sabia que tinha que ser rápido e não daria nem para maquiar um pouco. Na rua mesmo me vesti e tentamos as fotos, sem tripé, não usamos o flash para não estourar um monte depois na imagem. Apoiamos a máquina numa lixeira e esperávamos os carros passarem. Tiramos uma dúzia e só essa ficou boa. Foi divertido pacas e tínhamos que ser rápidos pois a neblina aqui em Santos é rápida. Quando os carros vinham eu já saia de longe, não sou doido. Até a polícia paro, de longe e ficou olhando, mas depois que acenei o “tudo bem” eles foram… sabe lá o que pensaram…kkkk”.

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A foto de Marcos Capella que ganhou o mundo.

A Demon Hunter da Bahia

E por falar em sucesso lá fora, como as apresentações de cosplay possuem bastante destaque em eventos geek, a cada ano vemos cosplayers apresentando verdadeiros espetáculos de interpretação e fidelidade aos personagens escolhidos. Nesse meio, lógico que brasileiros não poderiam ficar de fora e uma jovem baiana de 24 anos tem se destacado nos últimos anos em concursos importantes como o Yamato Cosplay Cup 2013, evento que reuniu competidores da américa do sul e Europa, no qual garantiu o terceiro lugar. Em um evento no Canadá subiu um degrau no pódio e ficou com a segunda colocação.

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Demon Hunter, do game Diablo III / Foto: Kenson Wang

Quanto ao cosplay, ficou sensacional. Iaina fez uma bela performance como Demon Hunter, ou Caçadora de Demônios, do game Diablo III. Iaina conta que esse foi o mais difícil para fazer até agora. “Foi minha primeira experiência com armaduras, escolhi uma super complicada e ainda inventei de usar um material desconhecido na construção. Cometi vários erros até conseguir terminar”.

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Beetlejuice e Lydia/ Foto: Wayne Mendes

Em concursos nacionais Iaina já é figura carimbada. Em 2010 no Yamato Cosplay World, ao lado de Carolina Cendon, também conhecida como Pudim, conquistou o primeiro lugar com o cosplay de Beetlejuice. Em 2012, no YCC, faturou como Bellatrix Lestrange, da saga Harry Potter, sendo a primeira cosplayer fora de São Paulo a conquistar o título.

Com experiência internacional, a cosplayer conta que a maior dificuldade em fazer a pratica aqui no Brasil é o acesso aos materiais. “Tem muita coisa que necessita ser importada: perucas, lentes, materiais especiais, e o mau serviço dos correios dificulta muito a vida. Já tive encomenda que levou 6 meses para ser entregue”.

Pois é, o universo da caracterização se popularizou e a cada dia surgem mais e mais adeptos que fazem com que a prática venha a crescer. Mas a vida de um cosplayer não é fácil. Envolve dinheiro, habilidade, disponibilidade de encontrar alguns apetrechos ou roupas já prontas e, até mesmo, importar peças determinantes.

Muitos ainda não conseguem ganhar dinheiro só com cosplays, e os que ganham prêmios monetários acabam que somente tendo o necessário para cobrir os custos da produção. Contudo, tem seu lado divertido, pois a satisfação é consequência de um trabalho bem feito e melhorado com o tempo. Ou seja, faça seu cosplay da melhor forma possível, se reúna com os amigos, divirta-se e entre para a história do cosplay.

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2 COMENTÁRIOS

  1. belo trabalho, Denis… gostei mesmo de ter inserido a historia do cosplay desde os Estados Unidos…. raros lugares comentam isso… obrigado por minha participação neste trabalho… foi uma honra colaborar com a Sintonia Geek e com vc… tentarei rir menos da próxima vez… heheheh

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